Crônicas de um Universo Paralelo

O sentido da vida, é a ambüidade das metáforas...

terça-feira, novembro 07, 2006

A besta que mancava

Irei lhes contar uma história que aconteceu há muitos anos. Essa história irá se assemelhar com várias histórias que você ouviu em algumas épocas de sua vida. Tentarei ser ao mesmo tempo breve e detalhista em meu relato.

Numa distante e imaginária terra, existia uma linda camponesa. Ela trabalhava para ajudar seus pais que estavam velhos e doentes. Tinha longos e lisos cabelos negros, olhos verdes como os lagos em manhãs de outono. Morava em um pequeno vilarejo.

Mais adiante, havia o castelo, onde a princesa Bitchela dava suas festas para os filhos de nobres. Apenas os escolhidos por suas estonteantes belezas eram convidados. Mas não se enganem, nossa camponesa jamais foi convidada a uma dessas festas. Os nobres jamais trariam a “ralé” para lá, a não ser aqueles que os serviam.

Mais afastado disso tudo, havia alguns pequenos morros que cercavam um pequeno pântano. Nesses morros haviam algumas cavernas desenhadas pelo tempo. E em uma dessas cavernas, morava a besta que mancava. Não era um ser mitológico, não fora enfeitiçado. Era apenas um ser humano deformado, que fora abandonado pela família para que apodrecesse no pântano. O chamarei de besta que manca, porque nunca lhe fora concedida à honra de receber um nome. Hibernava, ou melhor, se escondia durante todo o ano em sua caverna, e saia apenas no inverno, quando a neve tomava conta de tudo, e os nobres, que ele encontrara algumas vezes e não os pretendia encontrar de novo, não iam até aquela parte da floresta devido ao grande perigo.

Passemos agora ao momento em que esses três diferentes meios de vida se cruzam.

Numa certa madrugada de um dos mais cruéis invernos, quando a camponesa estava levantando para tirar o leite das vacas. Alguns filhos adolescentes de nobres, passavam pelo vilarejo, completamente bêbados, voltavam de uma das festas de arromba da princesa Bitchela. Avistaram a camponesa no pequeno celeiro ordenhando a vaca. Um dos três rapazes teve a brilhante idéia “Hei, vamos até lá. Ela vai se sentir lisonjeada por dar para três nobres” os outros concordaram.

Começaram a puxa-la, ela se negou a fazer aquilo. Eles começaram a tirar-lhe a roupa a força. Ela gritava muito, implorava para que alguém lhe ajudasse. Seus vizinhos correram até lá, mas ao ver que eram os três filhos dos mais influentes nobres da cidade, voltaram correndo para suas casas. O velho pai dela, com muita dificuldade chegou até lá, tentou tirar um deles de cima dela, mas foi espancado até a morte por outro. Sua mãe, que devido a uma doença mal conseguia andar, gritava na porta na casa, tentava sem sucesso chegar até lá sozinha.

Nossa criatura, ouviu os gritos. Correu até lá com uma certa dificuldade. Tinha uma perna ruim. Certa vez, ao sair da caverna no verão, foi surpreendido por alguns nobres que estavam caçando raposas, quando se depararam com sua feiúra, resolveram caçar ele, por diversão. Umas das flechas atingiu seu joelho, o deixando inútil para o resto da vida, agora apenas se locomovia com a perna reta.

Enfim, a Besta que mancava, se jogou contra os três jovens nobres. Esses se assustaram ao vê-lo. Ele jogou um deles no chão, o outro se levantou e fugiu correndo. Mas o outro, ao tentar se virar e levantar ao mesmo tempo, caiu para trás, caindo com as costas em cima de um ancinho, que lhe perfurou a coluna, deixando-o paralítico para sempre. A besta que mancava, agarrou a camponesa e a levou para longe dali.

Após alguns dias, a camponesa se apaixonou pela besta. Depois de um mês vivendo com a besta, ela engravidou. Os dois estavam felizes, uma criança nasceu, sem nenhum defeito físico puxado pelo pai.

Três meses após o nascimento, a guarda imperial descobriu seu paradeiro. Meteram o pé na porta e levaram a besta, acusaram-no de agressão física contra um nobre. Condenaram ele a 20 anos de prisão sem direito a fiança. A camponesa ficou muito depressiva, dentro de um mês, o serviço social imperial veio buscar a criança para que fosse adotada. A camponesa se suicidou após isso. A besta que mancava morreu de tristeza no calabouço ao saber que havia perdido o filho e a esposa.

Agora os três jovens nobres. Dois seguiram as carreiras de seus pais, até que ambos levaram seus estabelecimentos a falência. Hoje em dia, viraram garotos de programa. Ainda choram cada vez que um velho nobre, cansado de conseguir qualquer mulher, os penetram sem dó. O outro, após ver que sua beleza estava para sempre prejudicada pela cadeira de rodas, enlouqueceu, hoje vive em um sanatório achando que a besta irá lhe matar a cada instante.

A guarda imperial, arquivou o processo que a mãe da camponesa abriu contra os três jovens nobres. Estupro e homicídio. Receberam altas quantias dos velhos nobres para abafar o caso, e o fizeram bem.

Conclusão

As três cadeias sociais expostas aqui são reais. Os nobres, são pessoas ricas, pessoas com níveis sociais elevados. Os camponeses, somos nós, pessoas que trabalham sol a sol para se manter. A besta que mancava, seriam as poucas pessoas que tentam lutar contra os nobres, mas são ridicularizados inclusive pelos camponeses que tentam defender, seus defeitos físicos e deformações, são apenas exemplos do que as pessoas atribuem ao seu caráter. Defeitos e deformações de caráter, por defender camponeses dos nobres. E claro, a nossa querida, ineficiente, corrupta polícia, foi interpretada pela guarda imperial.

2 Comentários:

Às 5:25 PM , Anonymous Anônimo disse...

só pq eu já li esses textos bem antes que todo mundo :P
oiaushfiouasohfusa
e na próxima vez que eu tive com fome já sei pra quem eu vou pedir um dog ;D
HSusAIHSIUhsuhIUHIU
;**

 
Às 1:03 AM , Anonymous Anônimo disse...

maizahhh...
peor que td isso eh vero...
e quase ngm faz nd pra mudar...
o mundo realmente n tem volta.. e esta cada vez pior..
=\
enfim
ótimos textos ^^
;**

 

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