Crônicas de um Universo Paralelo

O sentido da vida, é a ambüidade das metáforas...

terça-feira, novembro 07, 2006

Momento de trágica felicidade

Um dia desses, estava eu tranqüilamente assistindo a um jogo de futebol no estádio, um jogo sem nada de especial, e meio chato por sinal. Quando no intervalo do jogo, a vontade por uma cerveja e um cachorro quente bateu (dia quente pra caralho). Bom, eu me meu amigo nos dirigimos até o barzinho do estádio para adquirir nosso lanche de intervalo. Como sempre, muita fila e pouco atendimento, dinheiro manchado com ketchup, tiozinhos com a camisa estilo bicheiro aberta, e todas as atrações que um barzinho de estádio pode nos proporcionar.

Após longa espera, eis que minha vez chega. A fome e a sede são grandes nessa hora. Meu dinheiro previamente contadinho pro cachorro quente e pra cerveja (pra universitários, dinheiro é artigo de luxo). Já com o cachorro quente e a cerveja em mãos, eu sinto um puxão na minha camisa. Um pequeno cidadão e seus olhos tristes me encaram. Pele queimada demais pelo sol, magro como não deveria ser. “Tio, me paga um cachorro quente?”, é o que o pequeno cidadão me diz. Agora imaginem vocês, em que situação eu me encontro. Nada havia me restado, eu não poderia pagar-lhe um cachorro quente nem que eu quisesse.

Eu poderia analisar isso como uma dilema moral, por esse fato como um exemplo da situação atual do Brasil, poderia também falar sobre a subjetividade desse fato, e do que ele esconde. Mas do que isso seria útil? Pra embelezar o texto e provar minha fodacidade como escritor? O que importa nesse fato, é que uma criança faminta me pedia por comida, e isso não deveria acontecer!

Enfim, fiz a única coisa que poderia ser feita. Dei meu próprio cachorro quente para ele, e isso o deixou muito feliz. Mas aquele sorriso me partia o coração. A felicidade que ele teve ao receber um simples cachorro quente não deveria ser tão acentuada. Essa felicidade só foi possível, devido à fome que ele passa diariamente. Ele deveria ficar feliz por receber um brinquedo e um livro, a comida deveria ser algo comum para ele, não um artigo de luxo.

Voltei com fome e com a cerveja (que estava quente por sinal)

ao meu lugar no estádio, e ao jogo. O restante do jogo foi tão chato, se não mais, quanto a primeira parte.

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