Crônicas de um Universo Paralelo

O sentido da vida, é a ambüidade das metáforas...

segunda-feira, julho 23, 2007

PC Suícida


Algumas vezes a ineficiência da sociedade me assusta. Alguns dias atrás, levei meu computador (que não é grandes coisas, mas dá pro gasto) para ser formatado. Uma operação basicamente de rotina e sem muito mistério, ou foi assim que me pareceu. Pois bem, eis que no meio da tarde, recebo um telefonema da secretária/atendente da loja a qual mandei meu PC para ser formatado, falando-me o seguinte: “Senhor, a sua fonte está queimada e vamos precisar troca-lá”. Eu pensei então com meus botões (os poucos que restam), “Mas espera aí, fonte queimada? Trocar peça?”. Eu então dirigi-me ao local, e exigi explicações. A explicação me dada, foi a de que o computador chegou na loja com a fonte queimada.

O PC funcionava perfeitamente bem quando eu tirei-o de casa. Penso comigo mesmo, em que ponto do longo e árduo caminho, de duas quadras da minha casa até a loja, o PC queimou sua fonte? Mas não devemos aqui subestimar a força dos PCs. Em protesto contra minha pessoa por tê-lo tirado de seu habitat natural, ele queimou sua fonte num ato suicida. Claro que PCs recebem promessas de um paraíso computacional, e 70 impressoras virgens que os aguardam após um ataque contra os infiéis donos de suas pessoas.

Antes de tornar-me um demônio entre chiados, reclamações e xingamentos, comprometi-me a usar de justiça nesse caso; no fim das contas, a fonte realmente poderia estar a um pé do precipício e eles poderiam ser inocentes. Levei o computador à outra loja, e pedi-lhes que apurassem a causa do”queimamento (suicida)” da fonte; fosse ele por uso indevido de energia elétrica, fosse por falha do equipamento por longo uso.

O resultado foi em meu favor; a fonte realmente foi queimada por mau uso de energia elétrica. Em princípio não revelei a nenhuma das lojas qual era a outra envolvida no fato, mas a primeira exigiu-me isso como prova de validação para sua conclusão em relação à fonte. E como disse a uma, teria que dizer também a outra. Quando foi revelado, eu percebi uma certa animosidade entre ambas. Alguns comentários em relação à competência e validade de caráter começou a surgir de ambos os lados. Percebi-me no meio de uma disputa entre lojas de informática.

Com algum esforço e um tempo de conversa, consegui finalmente que a peça fosse substituída sem custos para mim. Mas não sem antes receber olhares de indignação e desprezo do técnico que era “inocente” pela queima da fonte. Bem, no final da história, eu fico como vilão por ter exigido meu direito de não ter um equipamento “inocentemente” comprometido. Não quero aqui nem pensar na idéia de que a minha fonte foi queimada com intuito de uma venda bastante lucrativa. Eu disse que não quero pensar nisso!! Parem com esses pensamentos!!

sexta-feira, julho 13, 2007

Leves manipulações


Eu estava vendo abertura do PAN hoje às sete horas da tarde (noite?), pois bem, eis que as misses com as bandeiras de seus respectivos países se colocam no palco no centro do Maracanã. Uma imagem bonita, as garotas lindas de todos os países participantes do PAN, colocadas uma ao lado da outra. Algo que me chamou a atenção, foi a maquiagem que as misses usavam. Uma máscara branca com bolas azuis. Uma idéia no mínimo duvidosa, a de submeter às modelos a um “enfeiamento” artificial, porque acreditem caros amigos, essa maquiagem destituiu-as de uma grande parte de sua beleza. Muitas destas modelos, traziam seus cabelos amarrados, ou no máximo soltos discretamente.

Chega a vez do Brasil entrar com seu plantel de atletas, e sua Miss Brasil (Campeã Moral do Miss Universo?) Natália Guimarães. Percebemos aqui uma sutil diferença. A maquiagem “enfeiante” foi trocada por uma de alto nível de embelezamento. Até seus cabelos, que aparentemente foram os únicos “bonitos”, caiam-lhe majestosamente pelos ombros. Não quero aqui por em prova sua beleza, pois ela realmente é linda, mas, esse tipo de manipulação “sutil” denigre a imagem das outras misses, para ressaltar a imagem da nossa. Eu creio que isso é desnecessário, e um crime contra as outras representantes dos países. Porque havia muitas garotas tão lindas quanto, senão mais, no palco.

Eu sei que a mágoa ainda pesa no coração de muitos pelo título supostamente roubado de Miss Universo, mas não há necessidade de vingança em garotas que nada tiveram a ver com tal evento.

O mundo se tornou uma guerra de manipulação; e o pior, é que muitos manipuladores nem sabem mais o porque manipulam, fazem apenas por hábito. Convenhamos, nossa Miss não precisa desse tipo de artifícios para se destacar.As pessoas responsáveis por tais atos, deveriam ser destituídas de seus cargos.

sábado, julho 07, 2007

José, o estagiário/ Uma aventura pelo sistema público

Caros netspectadores, permitam-me conduzir-lhes por uma tentativa de matéria jornalística com a prefeitura. A história aconteceu com José, o estagiário.

José foi designado para uma matéria sobre câncer de pulmão pelo seu jornal. Foi-lhe passado, que, deveria ir até a secretaria da saúde de sua cidade, e lá juntar as informações necessárias. Seguem agora os fatos dessa tentativa de matéria.

José informa-se no saguão com empregados da secretaria, que lhe mandam falar com fulano.

José: Boa tarde, meu nome é José. Eu trabalho no jornal *****, e estou fazendo uma matéria sobre câncer de pulmão. Me mandaram falar com o senhor sobre isso.

Fulano: Comigo? Não filho, esse não é meu departamento, meu departamento é tuberculose. Você tem que falar com cicrana sobre câncer no pulmão.

José: Ok. Muito obrigado pela ajuda.

Na sala de cicrana.

José: Boa tarde, meu nome é José. Eu trabalho no jornal *****, e estou fazendo uma matéria sobre câncer de pulmão. Me mandaram falar com a senhora sobre isso.

Cicrana: Ham? Câncer de pulmão? Não, não rapaz. A gente não trabalha com câncer aqui não.

José: Mas eu falei com fulano, e ele me mandou falar com a senhora aqui...

Cicrana: Não. Espera, deixa eu conversar com o pessoal aqui pra ver se eles sabem de algo.

Cinco minutos depois.

Cicrana: Aguarda só um momentinho.

José: Ok.

Dez minutos depois.

....

Mais dez minutos depois.

Cicrana: Escuta, eu falei com o pessoal aqui, mas eles não sabem quem é encarregado dessa parte não. Você pode falar com o médico Deltrano lá no postinho da ********, ele pode te dar uma ajuda.

Uma hora e meia e dois vales transporte depois.

José para enfermeira: Oi, eu preciso falar com o médico Deltrano.

Enfermeira: Sobre?

José: É pra uma matéria de jornal sobre câncer no pulmão.

Enfermeira: Tá, vou chamar ele. Aguarda um instante.

Vários “instantes” depois.

Enfermeira: Ele vai falar com você agora. Pode passar aqui.

Médico Deltrano: Olá. Você queria falar comigo?

José: Isso. Eu to fazendo uma matéria pro jornal sobre câncer de pulmão. Será que o senhor poderia me responder umas perguntas?

Médico Deltrano: Mas claro. Manda lá.

José: (Perguntas sobre estatística de câncer)

Médico: Ah rapaz, essa parte não é comigo. Você tem que ir na secretaria de saúde pra ver isso.

José: ¬¬. Tudo bem. O senhor atende pacientes com câncer aqui né?

Médico: Sim. Vários.

José: O senhor poderia me dar o contato e algum deles? Pra mim fazer uma entrevista.

Médico: Me desculpe, mas essa informação é confidencial.

José: ¬¬. Bom, muito obrigado então. Vou até a secretaria de saúde tentar alguma coisa.

Médico com um sorriso largo e amarelo: Até mais meu jovem.

Mais instantes inesgotáveis e dois vales transportes depois.

José resolve tentar novamente com fulano.

José: Desculpa incomodar de novo, mas ninguém sabe me dizer com quem eu falo.

Fulano: Tá, faz assim. Conversa com a secretária ali no andar de baixo, e pergunta com quem você fala, ela deve saber.

José para secretária: Boa tarde, meu nome é José. Eu trabalho no jornal *****, e estou fazendo uma matéria sobre câncer de pulmão. A senhora poderia me dizer com quem eu falo sobre isso?

Secretária irritantemente mascando um chiclete: Só um momento.

Três momentos depois: Quem tá responsável por essa parte é o Fulano. A sala dele é...

José: Sim, sim. Eu sei onde é.

José a beira de um ataque de nervos para Fulano: A secretária falou que o responsável por essa parte é você.

Fulano: O que? Mas desde quando? Mas o que que é isso? Espera um pouco que eu vou ligar pro secretário da saúde e ver com ele isso bem certo.

Fulano no telefone com o secretário: Opa, como que tá meu secretário favorito hoje? Bem também. E como tão as férias aí na Bahia? Ah é? Mas que maravilha. Mais um mês? Férias prolongadas são sempre melhores hahaha. Mas escuta, tem um rapaz aqui querendo saber sobre câncer de pulmão, e falaram pra ele que esse é meu departamento... Como assim é meu departamento mesmo? Desde quando? Desde que eu assumi... Mas ninguém me disse que esse era meu departamento... Como assim? Que contrato? Ok... Bom, acho que era isso, boas férias.

Fulano para José: Bom, acho que é meu departamento mesmo. Passa aqui amanhã que eu vejo o que posso fazer por você.

José: Mas o jornal vai sair hoje. Não tem como o senhor me dar uma ajuda hoje?

Fulano: Ah, hoje eu estou cheio de coisas pra fazer. Não posso te ajudar mesmo. Mas boa sorte com a sua matéria.

José volta desolado para o jornal, pensando em como vai explicar a falta de matéria e uma tarde toda desperdiçada em nada.