Crônicas de um Universo Paralelo

O sentido da vida, é a ambüidade das metáforas...

terça-feira, novembro 28, 2006

Crueldade da criação Part IV - Busca pela imortalidade

Vida. Morte. Existe outro começo depois do fim?

Suponhamos que alguém tenha a capacidade de prolongar sua vida indefinidamente. Mas de que seria isso útil? Para passar o resto da sua longa existência vendo todos perecer ao seu lado. A imortalidade não pode ser suportada. Ano após ano, a loucura tomaria conta de nossas mentes, aos poucos a imortalidade seria vista como uma maldição. A visão da crueldade do universo iria destruir a mente dessa pessoa imortal. Esta pessoa passaria o restante de sua existência esperando pela morte. Desejando pela morte. A imortalidade serviria apenas para destruir as crenças humanas na bondade.

Motivos para prolongar a vida? Busca pelo conhecimento. Medo da morte. Dificuldade em aceitar uma vida em vão. Mas o que é uma vida em vão? O que precisamos fazer para nossa vida ser bem vivida?

O ser humano vai procurar a imortalidade através das máquinas, recompondo seu corpo com órgãos artificiais, e passando suas mentes para as máquinas. Criando assim uma raça de humanos mais fortes, e com capacidade de prolongar indeterminadamente sua vida. Prolongar sua vida, até o ponto que conseguirem elevar suas almas sem precisar passar pela morte.

Não creio que precisemos de tanto tempo assim pra isso. Se Shakyamuni Buddha conseguiu fazer isso em uma vida, por que nós precisaríamos de várias para isso?

PS: Textos andam em baixa ultimamente, pouca criatividade...

quarta-feira, novembro 22, 2006

Metáfora


Apenas mais um verso.

Mais uma palavra.

Mais um motivo.

Por que o anjo caído e sem asas não pode alçar vôo?

Metáforas. Por que elas têm que ser metáforas?

Cria-las é tão lindo. Destruir as alheias é tão tentador.

Perfume que me acompanha no caminho de volta.

Ambigüidade. Tão certa. Resposta a ser alcançada.

Lembrança que me atormenta pela estrada

Destrua a luz. Tire a fonte da energia que lhes dá força.

Sentido da vida. É você que o persegue, ou ele quem o está perseguindo?

O sentido da vida é a ambigüidade das metáforas.


PS: A foto e o texto fazem bastante sentido um com o outro, se pra vocês não, não posso fazer nada, me desculpem...

segunda-feira, novembro 20, 2006

Crueldade da criação Part III - Ateísmo

O ser humano se encaminha para uma fase de abandono aos seus antigos deuses. A raça humana caminha para o ateísmo. Muitos dizem que isso vai acabar com as guerras, que vai trazer paz e unificação do mundo. Mas o ser humano está mesmo pronto para o ateísmo?

Algumas pessoas conseguem tirar coisas boas do ateísmo. A generosidade, a compaixão, a solidariedade... Mas sem fins “cristãos” por trás disso, sem nenhum temor a deus e o seu inferno. Pessoas que evoluem, conseguem ver além da cobiça e inveja humana. Pessoas que enxergam além das guerras e da violência.

Mas infelizmente, são poucas as pessoas assim. Muitas pessoas vêem no ateísmo, uma desculpa para fazer todo o mal que não podiam fazer quando temiam o inferno. Esquecem que o mal é feito contra o planeta terra, e não contra deus. Tornam-se falsários, mentirosos, prepotentes e egocêntricos. Facínoras, em outras palavras.

Infelizmente, aquilo que supostamente deveria trazer paz e unificação da humanidade, se torna mais uma desculpa, entre tantas, para causar o mal. Para cada passo na evolução científica e filosófica que o homem dá, acompanham sete passos rumo a evolução da cobiça pelo poder e a sede de destruição.

Criticam-me pelo modo como eu aceito o ateísmo. Mas se o ateísmo é apenas uma desculpa para me tornar mais um ignorante obcecado pelo poder, que me chamem de cristão, não me importo.

domingo, novembro 19, 2006

Geração McDonald's


Mães tranquem suas filhas, não deixem que a vida lhes faça sofrer. Pais, acorrentem seus filhos ao pé da cama, pois assim estarão livres de desilusões amorosas e profissionais. Um cara um dia cantou sobre a geração coca-cola, hoje eu escrevo sobre a geração McDonald’s.

De um lado, adolescentes que passam o dia inteiro nos computadores, vídeo games, etc. Alimentam-se quase que completamente da comida “extremamente saudável” do McDonald’s e outros com a mesma filosofia alimentícia. Do outro, adolescentes tão viciados em manter seus corpos perfeitos, preocupados em serem iguais ao que assistem no programa global malhação. De um lado adolescentes controlados por computadores, do outro, adolescentes controlados pelos modelos de corpos perfeitos e mentes vazias.

Mães, não deixem que suas filhas vivam suas vidas do jeito delas, deixe-as trancadas em seus quartos assistindo a tv, lendo revistas que mostram o que elas precisam ser. Pais, gastem fortunas com computadores e vídeo game, façam com que seus filhos fiquem mais em casa, e que não estejam expostos a drogas, assaltos e etc.

Nos preocupamos tanto em fazer de nossos filhos, exemplos de segurança. Mantemos eles embaixo de nossas asas, não deixamos que nada de ruim lhes aconteça. Mas o que nós formamos assim? Escravos da moda e tecnologia, seres que vão perdendo a capacidade de julgar por si mesmos. Dentro de alguns anos, vamos por códigos de barra em cada criança que nascer.

Estamos entregando nossos filhos a uma máquina de consumo, onde tudo é lucro, onde nós, pobres humanos, somos apenas uma reles mercadoria. Ao meu ver, essa é a geração McDonald’s, humanos mercadorias. Não voltamos ao tempo da escravidão, mas estamos tão cegos, que aceitamos tudo que a televisão nos mostra, estamos perdendo a capacidade de julgar. Estamos sendo comercializados.

Ainda não viramos produto de exportação, alguns estúpidos escreveram um livrinho idiota, que contém os Direitos Humanos. Mas isso é uma mera questão de tempo, até que nossos louváveis governantes os contornem. Bom, na verdade, esses direitos não são levados muito a sério de qualquer forma. Lá, diz que a escravidão não pode ser utilizada, mas isso não impede que vários agricultores, pessoas que fazem carvão (terão que desculpar minha ignorância, não me recordo da palavra usada para defini-los), entre outros, que utilizem trabalho escravo. Uma outra lei, proíbe torturas a prisioneiros de guerra, mas eu creio que essa seja a menos seguida de todas as leis. Um exemplo é a base de guantanamo, que fica localizada em Cuba, mas que pertence aos EUA. Prisioneiros afegãos e iraquianos soa torturados lá.

Finalizando, encham suas casas de televisores e computadores. Façam com que seus filhos e filhas vistam-se apenas como a moda deixar. Sei que minhas palavras não farão a mínima diferença, então, só entreguem seus filhos numa bandeja para o mundo consumista. O mundo dificilmente será mudado, dificilmente daremos importância a esse assunto, então foda-se o mundo, já quer ninguém da mínima, que larguem as bombas atômicas e terminem com ele de uma vez.

quarta-feira, novembro 15, 2006

Pseudo-intelectualismo e Síndrome de gênio


Vamos fazer aqui uma rápida análise do pseudo-intelectualismo, que eu gosto de chamar de “Síndrome de gênio”. A Síndrome de gênio ataca geralmente pessoas que são mal sucedidas no que fazem. Como não recebem elogios periodicamente como gostariam, começam a se sentir negados, e incompreendidos.

Esses “gênios”, raramente dispõem de qualquer criação digna de respeito, sofrem de uma falta de criatividade enorme (ou seria falta de capacidade?), e especializam-se em destruir verbalmente as criações alheias. Mas quando sua criação é criticada por outro, sente-se intimamente magoado, e foge do assunto dizendo que a opinião alheia não é importante.

As pessoas que sofrem desse mal, tendem também a ter gostos exóticos em relação á arte. É altamente desaconselhável entrar em uma discussão sobre gostos com essa pessoa, porque tudo aquilo que não for o que essa pessoa gosta, vai ser considerado lixo por ela.

Enfim, as pessoas que sofrem da Síndrome de gênio, tem todas as características dos gênios que a humanidade conheceu, exceto a genialidade.

segunda-feira, novembro 13, 2006

Deny your maker


Mais um cigarro. Mais um gole de café com álcool vagabundo.

Layne Staley canta sobre o mar de tristeza.

Por que será que insistimos em procurar pela tristeza e depressão? A natureza do ser humano está abraçando cada vez mais a depressão como um estado ideal para se estar. A sedutora internet torna tudo mais fácil. Agora podemos nos lamentar para milhares de pessoas sem dizer quem somos...

Layne Staley me diz para negar meu criador...

Essa depressão que tanto procuramos nos leva a loucura e ao suicídio. Muitos dizem que a ausência de deus faz com que isso aconteça. Ao meu ver, a presença de um deus torna as coisas ainda piores. Mas ainda existe salvação, os jovens estão se empolgando com o Código da Vinci e abandonando suas crenças no deus fajuto.

Jerry Cantrell sola adoidado...

Procuramos mais e mais a solidão. Interagimos cada vez menos com o mundo real, cada vez mais com mundo cibernético. Crianças virtuais. Adolescentes pré-programados. “The Matrix is all around us”....


domingo, novembro 12, 2006

A estrada


Olhos fechados para não ver. Olhos abertos para não acreditar.

Cego que não quer ver. Ver para crer. Crer por que?

A estrada segue. Da escuridão, até o nascer do sol.

Nascemos com o por do sol, e o nascer do sol nos sepulta.

A estrada nos leva de um ponto ao outro.

O caminho é longo e solitário.

Não importa quantas pessoas caminhem ao seu lado pela estrada.

Você caminhará sempre sozinho.

Este é o duro significado da vida. Nascer sozinho. Caminhar sozinho. E morrer sozinho.

Você não vai encontrar sua razão para viver quando chegar no final da estrada.

Não vai encontrar conforto. Deus não estará esperando por você na porta do céu.

As coisas não vão fazer sentido quando você morrer. A vida é apenas uma estrada.

A diversão dela não está no final. O significado dela não está no final

Está na estrada.

Está no caminho.

Frases lindas sobre liberdade


Frases lindas sobre liberdade, histórias mirabolantes sobre romances mal sucedidos.

Vamos ouvir sobre a bela vida de liberdade e independência contada por escravos da mídia.

Ouçam sobre os crimes cometidos, e descubram como os criminosos são punidos, por aqueles que nunca cometeram um crime.

Sinta o terror e a dor que acercam a vida criminosa, sem precisar cometer um crime.

Siga o refrão do bolero, deixe que os grandes sedentários compositores mostrem as belezas da liberdade.

Uma imagem bem composta, vale mais que mil palavras escritas, ou não?

Gênios criadores. Criadores de ilusões. Ilusões que são sua meta de vida.

Adorem os gênios. Beijem seus pés macios e miraculosos.

O que pode ser mais triste? Criar ilusões? Aceita-las? Ou destruí-las?

Quando as ilusões somem, o que nos resta? O vazio?

Escolha difícil: viver ilusões magníficas, e padecer no paraíso das mentiras, ou viver uma verdade sem graça e vazia.

Dar um sentido falso a vida, e viver algo que você não acredita ou viver sem um sentido.



PS: Créditos da foto para Leti Theisen


sábado, novembro 11, 2006

Buraco Negro


Eu tenho asas mas não posso voar...
Eu tenho forças, mas não consigo usá-las....
Estou em um oceano, e não sei nadar...
Eu danço pelo salão vazio, sempre escuro...
A luz me deixa cego, a respiração me ensurdece...
Não possuo uma órbita, vago perdido no espaço...
Meu universo paralelo, me afasta da realidade...
Continuo em queda livre, o solo se afasta ainda mais...
Oh, entorpecentes que aliviam minha queda...
Estrada que se alonga, escuridão que me persegue...
Me deixe cair, me deixe voar...

sexta-feira, novembro 10, 2006

Crueldade da criação Part II - Tecnofobia e Matrixialismo


Tecnologia. Engenharia robótica. Hiper-Realidade. Ciberespaço. Palavras que despertam medo em alguns tecnofóbicos.Mas teriamos nós razões para temer a tecnologia? Haveria alguma possibilidade de máquinas criadas por nós, voltarem-se contra nós? Mesmo que eu duvide que isso seja possível, seria um ato justificável, se fosse realizado.
Mas por que as máquinas deveriam nos temer? Tirando é claro, o fato "matrixiano" da raça humana ser um câncer e destruir o planeta Terra diariamente. Se as máquinas resolvessem se revoltar contra seus criadores, presume-se que teriam uma inteligência inigualável para nós humanos. As máquinas seriam seres mais desenvolvidos do que nós, fisicamente e intelectualmente. E com um bônus adicional de não carregar sentimentos como ódio, cobiça, inveja...
Supondo-se que as máquinas tomem o poder. Seriam elas escravas da crueldade do universo como nós, ou seriam as máquinas imunes ao seu poder?

Ao contrário do que os tecnofóbicos e entusiastas dos filmes "hollywoodianos" como Exterminador do futuro, eu creio que não haverá uma revolução e tomada de poder por parte das máquinas. É muito mais provável que o homem procure cada vez mais, maneiras de se fundir com as máquinas.

*PS: Ainda muitas suposições e muitas perguntas, mas poucas respostas.


quinta-feira, novembro 09, 2006

Universo Paralelo


Sua imagem disforme passa ao meu lado, mas eu não lhe percebo.

Seu perfume suave me desperta, mas ainda não lhe vejo.

Vultos esbarram em mim, mas não posso vê-los.

Sou um espírito, mas possuo corpo. Meu corpo flutua.

Um oceano de almas desalmadas passa através de mim.

Que mundo é esse? Que dimensão estranha é essa que me suga?

O dia a dia passa em velocidade desconcertada ao meu lado.

Os dias progridem, mas a luz ainda é fraca.

Você me chama, mas estou surdo. Faz-me sinais, mas estou cego.

Estou embaixo d’água e não sei nadar. Estou voando, mas não tenho asas.

Que universo sinistro é esse que me rodeia? Meu universo paralelo.

Estou caindo, mas não me movo. Algo estranho paira ao meu lado.

Queda livre.

O solo se afasta cada vez mais.

Universo paralelo.

Buraco negro que me atrai. Me atrai para sua infinita incompreensão.

As estrelas brilham ao meu redor. Mas uma me chama atenção.

Ela se aproxima, mas não está nítida.

Sua imagem disforme passa ao meu lado, mas eu não lhe percebo.


PS: Créditos da foto para Leti Theisen...

Sinistra orquestra das orquídeas

Tudo gira. Onde estou? Quem são aqueles galos que cantam enlouquecidamente?

Um pingüim sem asas voa perto de mim.

Mais uma cerveja senhor?

Senhor. Cerveja. Senhor cerveja. Cerveja senhor.

O pingüim bate asas inexistentes de volta ao ártico.

Antártico. Antártida. Antártica.

Mais uma aqui garçom.

Raposas dançam em ritmos disformes e confusos.

Vida boêmia. Boemia. Bohemia.

Garçom!

Chinchilas universitárias bebem da sagrada fonte amarela espumante.

Universidade. Faculdade. Escola. eSkola. Skol!

Garçom!

Chega disso. Estou confuso. Adeus.

Não.

Espera.

Garçom!!!!!!!!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Crueldade da criação Part I - Rocha Canibal


A evolução existiu e ainda existe. Nada a contestar desse fato. Mas voltemos no tempo, alguns milhões, bilhões, trilhões ou qualquer lhões que se apresente melhor, no começo de tudo. Quando o planeta terra não passava de caldeirão de magma. A ciência nos diz que quando a terra esfriou, um tipo de forma de vida nasceu.

Mas agora eu lhes pergunto, como uma porção de lava que é resfriada e vira rocha, pode gerar uma forma de vida? Como surgiu a necessidade desse organismo de consumir energia? E de onde esse organismo retirou essa fonte de energia? Seria de outro organismo vivo? Mas e de onde surgiu esse outro organismo vivo? Isso quer dizer, numa forma grosseira de dizer, que evoluímos de uma pedra?

Não quero de maneira alguma levantar a possibilidade de deus criar Adão e Eva, eu sinceramente prefiro acreditar que evoluímos de uma pedra. Agora eu chego ao ponto onde queria chegar. Em que momento da longa existência do planeta Terra, a crueldade nasceu? Quando desenvolvemos a necessidade de destruir para sobreviver?

A primeira necessidade da forma de vida que foi criada, foi a de uma fonte de energia, ou seja, os movimentos dessa forma de vida, ocasionaram a necessidade de uma fonte de energia, essa fonte de energia, precisava ser uma outra forma de vida. Aí, nos chega outra pergunta; se essa forma de vida de alguma maneira duplicou-se, ou gerou outra forma de vida, não teria ela se alimentado dessa outra forma de vida, ocasionando assim, como um dos primeiros atos da forma de vida na terra, o canibalismo?

Muitas perguntas, poucas respostas. Esse texto é o primeiro de uma série sobre a crueldade da criação. Não sei quando os outros entrarão no ar, isso depende da minha vontade/criatividade/saco pra isso.

Círculo vicioso

O significado se esconde nas palavras bonitas
O siginificado carece de realidade
A realidade se esconde da significação
A realidade necessita uma filosofia
A filosofia se esconde da realidade
A filosofia pede por verdade
A verdade se esconde da filosofia
A verdade implora uma explicação
A explicação se esconde nas palavras bonitas
A explicação precisa de um significado

Um mundo perfeito

Hoje voltei da faculdade e liguei a tv como sempre faço, um frio matador, não sei ao certo quantos graus fazia, mas certamente algo negativo. Estava passando os canais, quando vi uma cena que me chocou. No programa Super Pop, apresentado por Luciana Gimenez, imagens de animais sendo esquartejados vivos, tendo suas peles arrancadas enquanto se debatiam, tentando uma fuga impossível. Os homens que tiravam suas peles, espancavam os animais com paus, para quebrar seus ossos e deixa-los incapazes de fugir.

Homens, que são racionais. Eu me pergunto, onde está a racionalidade do homem? Torturando animais vivos, incapazes de um pouco de humanidade para matar os animais antes e acabar com o sofrimento deles. Provavelmente eles sentem-se amais homens torturando animais indefesos. Não sei que animais eram, mas eram do tamanho de cachorros pequenos.

Chamam isso de progresso e moda, eu chamo de idiotice e crueldade. Mas ninguém se importa, afinal de contas, são só animais. Só animais, que sentem tanta dor quanto nós, animais que nada fazem por mal, ao contrário dos humanos. Humanos que roubam, matam, estupram, esquartejam e torturam. Animais que só matam para se alimentar ou se defender.

Para onde vão os casacos de pele? Eles vão parar nas mãos de modelos anoréxicas e burras, vão para nas mãos de madames que só se importam com suas aparências e nas contas bancárias. Gastam milhares de dólares em tratamento psicológico e cirurgias plásticas com as modelos, para que deixem de ser anoréxicas e fiquem com aparências cada vez mais digitais. Digo eu, deixem que morram de fome, não querem comer? Foda-se, deixem que sequem e virem esqueletos. Se eu fizesse o que os caçadores fazem aos animais, mas fizesse com os homens eu seria preso e condenado. Mas por que a vida de homens sem coração e sem piedade vale mais do que aqueles animais? Me chamem de extremista e do que mais quiserem, mas eu apenas acredito que todos os seres vivos tem os mesmos direitos. Viver em liberdade, não ser torturado e não ter seu couro arrancado enquanto está vivo.

Poupem o dinheiro que gastam em tratamentos com modelos e comprem armas e munição, para que pelo menos, os animais estejam mortos quando tudo acontecer. Mas como sempre nesse estúpido, maldito e fudido mundo, a saúde mental de garotas ricas e sem mentes, vale mais do que a vida de vários e inocentes animais.

Leis não existem, pois só servem para serem quebradas. Justiça é uma coisa inventada para que os poderosos possam dominar os demais. Homens da lei, são feitos para que os ricos não sejam perturbados com a fome, desespero e tristeza dos pobres. Liberem os mísseis atômicos, façam justiça, queimem esse mundo cruel, estúpido e desonesto.

Enquanto o dinheiro reinar no mundo, reinará a desigualdade. Enquanto enchermos poucas pessoas com muito poder, encheremos nossas vidas de desespero. Enquanto continuarmos covardes e preocupados com nossos próprios umbigos, só conheceremos dor e sofrimento.


*Esse texto é meio antigo, então desconsiderem o "Hoje" ali no começo.

terça-feira, novembro 07, 2006

Momento de trágica felicidade

Um dia desses, estava eu tranqüilamente assistindo a um jogo de futebol no estádio, um jogo sem nada de especial, e meio chato por sinal. Quando no intervalo do jogo, a vontade por uma cerveja e um cachorro quente bateu (dia quente pra caralho). Bom, eu me meu amigo nos dirigimos até o barzinho do estádio para adquirir nosso lanche de intervalo. Como sempre, muita fila e pouco atendimento, dinheiro manchado com ketchup, tiozinhos com a camisa estilo bicheiro aberta, e todas as atrações que um barzinho de estádio pode nos proporcionar.

Após longa espera, eis que minha vez chega. A fome e a sede são grandes nessa hora. Meu dinheiro previamente contadinho pro cachorro quente e pra cerveja (pra universitários, dinheiro é artigo de luxo). Já com o cachorro quente e a cerveja em mãos, eu sinto um puxão na minha camisa. Um pequeno cidadão e seus olhos tristes me encaram. Pele queimada demais pelo sol, magro como não deveria ser. “Tio, me paga um cachorro quente?”, é o que o pequeno cidadão me diz. Agora imaginem vocês, em que situação eu me encontro. Nada havia me restado, eu não poderia pagar-lhe um cachorro quente nem que eu quisesse.

Eu poderia analisar isso como uma dilema moral, por esse fato como um exemplo da situação atual do Brasil, poderia também falar sobre a subjetividade desse fato, e do que ele esconde. Mas do que isso seria útil? Pra embelezar o texto e provar minha fodacidade como escritor? O que importa nesse fato, é que uma criança faminta me pedia por comida, e isso não deveria acontecer!

Enfim, fiz a única coisa que poderia ser feita. Dei meu próprio cachorro quente para ele, e isso o deixou muito feliz. Mas aquele sorriso me partia o coração. A felicidade que ele teve ao receber um simples cachorro quente não deveria ser tão acentuada. Essa felicidade só foi possível, devido à fome que ele passa diariamente. Ele deveria ficar feliz por receber um brinquedo e um livro, a comida deveria ser algo comum para ele, não um artigo de luxo.

Voltei com fome e com a cerveja (que estava quente por sinal)

ao meu lugar no estádio, e ao jogo. O restante do jogo foi tão chato, se não mais, quanto a primeira parte.

A besta que mancava

Irei lhes contar uma história que aconteceu há muitos anos. Essa história irá se assemelhar com várias histórias que você ouviu em algumas épocas de sua vida. Tentarei ser ao mesmo tempo breve e detalhista em meu relato.

Numa distante e imaginária terra, existia uma linda camponesa. Ela trabalhava para ajudar seus pais que estavam velhos e doentes. Tinha longos e lisos cabelos negros, olhos verdes como os lagos em manhãs de outono. Morava em um pequeno vilarejo.

Mais adiante, havia o castelo, onde a princesa Bitchela dava suas festas para os filhos de nobres. Apenas os escolhidos por suas estonteantes belezas eram convidados. Mas não se enganem, nossa camponesa jamais foi convidada a uma dessas festas. Os nobres jamais trariam a “ralé” para lá, a não ser aqueles que os serviam.

Mais afastado disso tudo, havia alguns pequenos morros que cercavam um pequeno pântano. Nesses morros haviam algumas cavernas desenhadas pelo tempo. E em uma dessas cavernas, morava a besta que mancava. Não era um ser mitológico, não fora enfeitiçado. Era apenas um ser humano deformado, que fora abandonado pela família para que apodrecesse no pântano. O chamarei de besta que manca, porque nunca lhe fora concedida à honra de receber um nome. Hibernava, ou melhor, se escondia durante todo o ano em sua caverna, e saia apenas no inverno, quando a neve tomava conta de tudo, e os nobres, que ele encontrara algumas vezes e não os pretendia encontrar de novo, não iam até aquela parte da floresta devido ao grande perigo.

Passemos agora ao momento em que esses três diferentes meios de vida se cruzam.

Numa certa madrugada de um dos mais cruéis invernos, quando a camponesa estava levantando para tirar o leite das vacas. Alguns filhos adolescentes de nobres, passavam pelo vilarejo, completamente bêbados, voltavam de uma das festas de arromba da princesa Bitchela. Avistaram a camponesa no pequeno celeiro ordenhando a vaca. Um dos três rapazes teve a brilhante idéia “Hei, vamos até lá. Ela vai se sentir lisonjeada por dar para três nobres” os outros concordaram.

Começaram a puxa-la, ela se negou a fazer aquilo. Eles começaram a tirar-lhe a roupa a força. Ela gritava muito, implorava para que alguém lhe ajudasse. Seus vizinhos correram até lá, mas ao ver que eram os três filhos dos mais influentes nobres da cidade, voltaram correndo para suas casas. O velho pai dela, com muita dificuldade chegou até lá, tentou tirar um deles de cima dela, mas foi espancado até a morte por outro. Sua mãe, que devido a uma doença mal conseguia andar, gritava na porta na casa, tentava sem sucesso chegar até lá sozinha.

Nossa criatura, ouviu os gritos. Correu até lá com uma certa dificuldade. Tinha uma perna ruim. Certa vez, ao sair da caverna no verão, foi surpreendido por alguns nobres que estavam caçando raposas, quando se depararam com sua feiúra, resolveram caçar ele, por diversão. Umas das flechas atingiu seu joelho, o deixando inútil para o resto da vida, agora apenas se locomovia com a perna reta.

Enfim, a Besta que mancava, se jogou contra os três jovens nobres. Esses se assustaram ao vê-lo. Ele jogou um deles no chão, o outro se levantou e fugiu correndo. Mas o outro, ao tentar se virar e levantar ao mesmo tempo, caiu para trás, caindo com as costas em cima de um ancinho, que lhe perfurou a coluna, deixando-o paralítico para sempre. A besta que mancava, agarrou a camponesa e a levou para longe dali.

Após alguns dias, a camponesa se apaixonou pela besta. Depois de um mês vivendo com a besta, ela engravidou. Os dois estavam felizes, uma criança nasceu, sem nenhum defeito físico puxado pelo pai.

Três meses após o nascimento, a guarda imperial descobriu seu paradeiro. Meteram o pé na porta e levaram a besta, acusaram-no de agressão física contra um nobre. Condenaram ele a 20 anos de prisão sem direito a fiança. A camponesa ficou muito depressiva, dentro de um mês, o serviço social imperial veio buscar a criança para que fosse adotada. A camponesa se suicidou após isso. A besta que mancava morreu de tristeza no calabouço ao saber que havia perdido o filho e a esposa.

Agora os três jovens nobres. Dois seguiram as carreiras de seus pais, até que ambos levaram seus estabelecimentos a falência. Hoje em dia, viraram garotos de programa. Ainda choram cada vez que um velho nobre, cansado de conseguir qualquer mulher, os penetram sem dó. O outro, após ver que sua beleza estava para sempre prejudicada pela cadeira de rodas, enlouqueceu, hoje vive em um sanatório achando que a besta irá lhe matar a cada instante.

A guarda imperial, arquivou o processo que a mãe da camponesa abriu contra os três jovens nobres. Estupro e homicídio. Receberam altas quantias dos velhos nobres para abafar o caso, e o fizeram bem.

Conclusão

As três cadeias sociais expostas aqui são reais. Os nobres, são pessoas ricas, pessoas com níveis sociais elevados. Os camponeses, somos nós, pessoas que trabalham sol a sol para se manter. A besta que mancava, seriam as poucas pessoas que tentam lutar contra os nobres, mas são ridicularizados inclusive pelos camponeses que tentam defender, seus defeitos físicos e deformações, são apenas exemplos do que as pessoas atribuem ao seu caráter. Defeitos e deformações de caráter, por defender camponeses dos nobres. E claro, a nossa querida, ineficiente, corrupta polícia, foi interpretada pela guarda imperial.