Crônicas de um Universo Paralelo

O sentido da vida, é a ambüidade das metáforas...

segunda-feira, dezembro 24, 2007

A christmas Carrot


Mais um natal se aproxima. Enquanto as famílias e amigos se reúnem para celebrar, eu busco meu tão mal-visto isolamento. Não um isolamento estilo rebelde/pseudo-revolucionário/odiador dos bons costumes/espaço aberto para demais denominações que melhor lhe aprouverem, mas sim um isolamento um tanto quanto divertido.

Talvez eu esteja buscando uma epifania milagrosa, digamos, uma viagem espiritual, que acabará com a minha ida a missa de natal, que eu não sei se recebe uma denominação própria, como no caso da missa do galo (alguém sabe por que a missa do galo recebe tal nome? Eu sempre fico imaginando a origem de tal tributo galináceo), ou se o alto escalão religioso contentou-se em nomear tal missa como missa de natal; não muito criativo eu admito, mas funciona.

Quem sabe eu espere a redenção pelos três espíritos de Dickens; mas aceitemos o fato de que eu indisponho do conforto monetário que Mr. Scrooge, sendo assim, não me creio qualificado a receber tal redenção. Mais um luxo destinado a elite branca. Por acaso alguém ouviu falar em fantasmas redentores para o proletariado? Até imagino como seria: “Para todos aqueles desprovidos de comodidade monetária, o SUR (Sistema Unificado de Redenções) oferece a redenção gratuita! Logicamente que por gratuita queremos dizer uma longa lista de espera, aonde é obrigatório que o contratante comprove a sua total falta de condições monetárias, a sua inferioridade perante a elite, a sua carteira de “Eu sou brasileiro e não desisto nunca”, uma cópia autenticada da sua submissão às morais previamente e devidamente impostas à sua vida e um comprovante de analfabetismo. Após esse procedimento ter sido concluído, aguarde até que algum fantasma esteja livre, e o encaminharos a sua pessoa assim que possível. Obs em letras minúsculas: Há a possibilidade de o fantasma natalino visitar-lhe durante a páscoa ou dia de finados, mas garantimos a sua redenção, ou seria rendição?”.

Ainda há a possibilidade de eu apenas estar fazendo uma crítica/piada/ tirada sarcástica com uma data celebrativa, da qual eu não vejo nenhum motivo a ser celebrado.

domingo, dezembro 02, 2007

Super Chávez


Em que situação deve ter ficado a Venezuela nesse domingo? O tal referendo chavista deve ter mantido as pessoas acordadas por muito tempo nesses últimos dias. Por um lado, o referendo propõem diminuição da carga horária de 8 para 6 horas diárias, a criação de um fundo para pagar aposentadorias da economia informal, o direito ao voto aos 16 anos; mas o referendo também confere a Chávez poderes ilimitados, ampliação de mandato de 6 para 7 anos, reeleições ilimitadas, controle do Banco Central, etc. Os novos poderes de Super Chávez concedem a ele tudo de que necessita para modificar toda a Venezuela, no que melhor lhe aprouver.

Chávez se considera o herói, o salvador da América. Esse heroísmo raramente tem bons resultados; ele tende a subir a cabeça das pessoas e deturpar sua visão no quesito “fins justificam meios”, e é exatamente nesse ponto de fragmentação entre realidade e heroísmo que surgem “Heróis” como Hitler, Napoleão, Stálin, Saddam, Bush, e porque não, Chávez. O mundo precisa de heróis, essa necessidade é comprovada. Mas infelizmente essa necessidade por ícones, tende a levar a aceitação de personagens movidos por um ego gigantesco, e mania de herói.

A Venezuela foi seduzida a aceitar essa concessão de poderio a Chávez, pelo uso de artifícios como redução de carga horária e criação de fundos para aposentadoria, entre outros. Não julgo aqui qual a melhor opção, pois pouco sei da realidade venezuelana, e menos ainda os planos futuros de Chávez.

Devo aqui confessar que me sentia emocionado ao ver Chávez se impondo ao capitalismo estadunidense. Também sentia a necessidade de um herói na América Latina. Mas essa emoção durou muito pouco. Logo canais de televisão sofreram as conseqüências de Super Chávez, armamentos começaram a ser adquiridos em grande escala, mulheres são proibidas de usar silicone, horas e horas de programas dominicais na TV comandados pelo presidente.

Enfim, a linha que separa um presidente de um opressor está se tornando mais fina e frágil. Finalizo com uma pergunta; vocês realmente acham que Hitler se considerava um tirano?